O Vulcão Villarrica atrai muitos mochileiros para a pequena cidade de Pucón, no sul do Chile. É um verdadeiro símbolo da cidade. Encontra-se a apenas 16km do centro, por isso podemos ver o vulcão de praticamente qualquer ponto de Pucón.
O Villarrica é um vulcão ativo e em plena atividade. O que atrai muitos aventureiros é a possibilidade de subir ao topo dos seus 2.874 metros de altitude. Do cume, podemos ver o interior da cratera e, com sorte, o poço de lava no fundo.
Foi assim que Pucón se tornou o primeiro destino do nosso primeiro mochilão. Em 2015, fizemos uma viagem de 32 dias por Chile, Bolívia e Peru. Pucón foi a cidade mais ao sul que visitamos nesse mochilão. Chegamos à cidade movidos pelo mesmo sonho de tantos aventureiros: subir ao topo do Vulcão Villarrica.
Porém, assim que chegamos, descobrimos que não seria possível fazer esse passeio, pois o acesso ao cume estava fechado. Devido ao aumento da atividade vulcânica do Villarrica nesse período, a região estava em alerta amarelo. Isso ocorre ocasionalmente, mas nós não sabíamos. A atividade vulcânica é monitorada constantemente por um órgão chileno e os níveis de alerta são: verde, amarelo, laranja e vermelho.
O Vulcão Villarrica apresentava maior atividade sísmica e explosões pequenas na cratera. As agências de turismo informaram que seria possível subir somente até a metade do vulcão. O alerta parecia não incomodar os turistas que lotavam as praias de areia negra do Lago Villarrrica. Acabamos descobrindo outros passeios incríveis em Pucón e adoramos a região. A ideia de subir até o topo do Vulcão Villarrica ficou para uma próxima visita.
Na nossa última noite na cidade, fomos até a estrada de acesso ao Villarrica. Chegamos muito perto do vulcão imponente e ficamos um bom tempo admirando um verdadeiro espetáculo da natureza. O lago de lava estava quase no topo da cratera e as explosões deixavam escapar um pequeno fluxo de lava que iluminava o topo do vulcão por alguns instantes. Aquilo não parecia normal. Voltamos para o hostel e dormimos tranquilamente.
Foi então que no dia 03/03/2015 às 3h da manhã, nosso último dia na cidade, aconteceu a erupção do Vulcão Villarrica. É muito azar e muita sorte ao mesmo tempo.
A sirene tocou alguns minutos depois e fomos acordados pelos funcionários do hostel aos berros. Foi um momento surreal, demoramos para assimilar o que estava acontecendo. Mas da varanda do albergue, vimos uma das cena mais impressionantes das nossas vidas. Um vulcão em erupção! Com a explosão, a lava atingiu 3km de altura.
Milhares de pessoas foram evacuadas para as zonas seguras da cidade. Corremos para juntar nossas coisas. Quase seguimos a pé para a zona segura, mas a erupção já tinha começado a diminuir de intensidade e os funcionários informaram que todos poderiam ficar.
Ficamos horas escutando os informes do rádio e olhando para o vulcão. Parecia cena de filme.
Tudo estava fechado no dia seguinte, até mesmo as estradas para sair da cidade, pois não era seguro sair de carro. Na parte da tarde, os acessos foram liberados. Alguns mercados abriram, com limite de permanência de 20 minutos para atender a todos. O clima de medo permanecia na cidade, que estava em alerta vermelho. O rumor de que a cratera estava tapada se espalhou, pois o vulcão parou se lançar sua fumarola típica e parecia quieto demais. As pessoas temiam uma erupção mais forte. Felizmente nada aconteceu e ninguém ficou ferido.
Já tínhamos comprado a passagem de ônibus para Santiago e não tivemos problemas para sair de Pucón. Seguimos com o nosso mochilão, fascinados por presenciar um fenômeno tão raro e tão impressionante. Continuamos loucos para voltar e, se o Villarrica permitir, subir até o seu cume.
*Foto da capa: Francisco Negroni/Agencia Uno
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