Fizemos outro post contando sobre a Alta Via 1 nas Dolomitas, uma trilha de longa distância nos Alpes Italianos. Mas o assunto é tão extenso que escrevemos esse artigo com dicas para percorrer essa trilha que cruza uma das cadeias de montanhas mais bonitas do mundo.
Veja também esse vídeo que fizemos sobre o destino:
Como chegar
O aeroporto mais próximo das Dolomitas é o de Veneza, mas você também pode voar até Milão. As vilas de Dobbiaco e Villabassa são as principais portas de entrada para o Lago di Braies, onde começa a trilha.
De Veneza você pode seguir de ônibus com a empresa Cortina Express até Cortina d’Ampezzo. De lá é preciso pegar o ônibus da linha 445 até Dobbiaco e então a linha 442 até o Lago di Braies.
Bolzano também é um bom ponto de acesso para o Lago di Braies, principalmente se você vem de outro local na Itália. De Bolzano você pode seguir de trem até Villabassa (mais próximo) ou Dobbiaco, se também quiser conhecer o Lago di Dobbiaco. Nós seguimos de trem até Villabassa e compramos um bilhete integrado para usar a linha 442 por só 1€ a mais. Diga na bilheteria da estação de trem de Bolzano que você quer ir até Braies. Mas atenção, pois o nosso trem atrasou e acabamos perdendo o último ônibus para o Lago di Braies e a empresa de trem não se responsabilizou. Acabamos tendo que comprar o bilhete do ônibus no dia seguinte.
O final da travessia, para quem faz a variação sem via ferrata, termina no ponto de ônibus de La Pissa. A empresa Dolomiti Bus possui ônibus regulares que seguem até Belluno.
Quando ir
As Dolomitas recebem visitantes o ano todo. No inverno a região vira um complexo de ski e no verão é possível percorrer as trilhas da região. A temporada ideal para fazer a travessia vai de meio de julho a meio de setembro, sendo julho e agosto os períodos de maior movimento. Agosto é tipicamente quando os europeus tiram férias, então Julho provavelmente seja o melhor mês.
A temporada é curta devido ao clima. É possível começar um pouco antes ou um pouco depois, mas em junho e outubro geralmente faz frio e você não encontra quase ninguém nas trilhas. Há risco de neve nos locais mais altos até o início de julho e o tempo começa a piorar no final de setembro. Começamos a travessia na primeira semana de julho e ainda tinha bastante neve em pontos mais altos. Não tivemos nenhuma dificuldade em cruzar esses trechos, apenas caminhamos em ritmo mais lento.
Clima: O clima nas Dolomitas muda rapidamente e pode chover bastante durante o verão, especialmente no final da tarde. Pegamos chuva quase todos os dias e chegamos a caminhar com uma tempestade. Conseguimos um abrigo em uma parede de rocha enquanto chovia granizo. Mesmo nessa época, pode nevar nos pontos mais altos.
Acomodação
Existem diversos abrigos de montanha, os refúgios, ao longo da Alta Via 1. As etapas da travessia são divididas de forma que uma etapa sempre termina em um abrigo. Mas ao longo de cada etapa você normalmente encontra outros abrigos, alguns muito próximos dos outros.
Ficamos surpresos em ver que alguns refúgios são luxuosos hotéis. Não esperávamos por um padrão de acomodação tão alto no meio da travessia. Mas a maioria dos refúgios oferece quartos compartilhados mais simples para os visitantes e muitos alojamentos têm capacidade para receber mais de 50 pessoas. É recomendável reservar os refúgios com antecedência, pois durante o verão é difícil conseguir vaga. Para ficar nos refúgios, prepare-se para gastar no mínimo 20 euros por pessoa somente para dormir.
Infelizmente o camping é proibido em muitas áreas e o acampamento selvagem na travessia é um assunto controverso. Segundo a legislação italiana, é permitido o bivaque de emergência em altitudes acima de 2.500 metros, mas normalmente a trilha fica abaixo desse limite e pode ser muito frio uma noite nessa altura. Existe no entanto um acampamento pago durante a travessia, O Camping Palafavera. Os preços são justos, mas não vale a pena carregar o peso de uma barraca para passar somente uma noite em um camping.
Atenção: Os refúgios normalmente funcionam do meio de junho ao meio de setembro. Alguns são muito procurados e dificilmente você encontra vaga se não reservar com antecedência. Se escolher não reservar os refúgios, levar uma barraca é uma questão de segurança. Nós passamos por vários que não tinham vaga e muitas vezes o próximo fica a algumas horas de caminhada.
Veja aqui um mapa com todos os refúgios na Alta Via 1
Alimentação
Os refúgios normalmente contam com serviço de restaurante e bar. A maior parte dos caminhantes da Alta Via aproveita o serviço de meia pensão oferecido junto com a hospedagem e caminha com uma mochila bem leve. Nós levamos grande parte da nossa comida para todas as refeições.
O custo para comer uma refeição em um refúgio geralmente não é caro. Um prato de massa fica em torno de 7 euros, enquanto um sanduíche custa 4 euros. Alguns restaurantes, como em toda a Itália, cobram um valor de serviço – o coperto – que fica em torno de 2 euros por pessoa. Para se ter uma ideia, um prato de comida liofilizada nas lojas de esporte da Itália custa cerca de 8 euros.
Os refúgios também vendem alguns itens básicos para lanche como chocolate e barra de cereal, com preços bem elevados. Durante a travessia, existe somente um mercadinho que fica no Camping Palafavera. É ideal para abastecer para as próximas etapas.
Água
É fácil encontrar pontos com água potável na travessia. Normalmente enchíamos nossa água nos vários córregos formados pelo degelo ou nas torneiras dos refúgios. Os refúgios normalmente sinalizam quando a água da torneira não é tratada. Nada impede que você pegue essa água, mas se tiver alguma forma de purificar é melhor.
Rota
A Alta Via 1 é sinalizada por um triângulo azul com o número 1 em vermelho no meio. As trilhas são bem demarcadas, mas nem sempre bem sinalizadas. Ficamos em dúvida em alguns pontos, portanto é recomendável o uso de um GPS.
O que achamos essencial para orientação na Alta Via 1 é conhecer bem a rota antes de ir. Nós não pesquisamos muito e tivemos alguma dificuldade. São muitos detalhes e possibilidades de rota que devem ser levados em consideração. É importante saber por onde a etapa vai passar, e até mesmo o número das trilhas, pois nem sempre você vai encontrar uma placa com o nome do destino final. Conhecemos um grupo de brasileiras que errou a trilha logo no primeiro trecho e pegaram um caminho bem mais longo.
Existe um guia bem completo com preciosas informações sobre a travessia que fica disponível para download gratuito e está disponível em inglês, alemão ou italiano. Levamos no celular e usamos bastante durante a travessia. Veja nesse link
Esperamos que essas dicas te ajudem a programar uma viagem para as Dolomitas. Qualquer dúvida é só deixar um comentário. Veja também o primeiro post que fizemos sobre o destino:
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Muito bom video e dicas existe pontos de saída da trilha?
Oi Celso. Tudo bem?
Obrigada pela mensagem.
Sim, existem diversos pontos de saída nessa travessia e você também pode fazer um roteiro diferente,
pois em alguns trechos existe mais de um caminho.
Grande abraço,
Charlico e Larissa
Olha, eu fiz essa trilha um pouco antes de vcs, em 2018. Foi o local (de trilha) mais lindo que já fui. Optei, na duvida, por um trekking auto guiado (a empresa reservava as acomodações e me dava um mapa). Foi maravilhoso. Só me perdi 2 vezes. E mesmo assim o pessoal foi bem atencioso.
Os abrigos, tanto os que fiquei como os que passei, são relativamente completos. Sempre que podia comia uma cheesecake de frutas vermelhas com um cappuccino. Vcs tem razao quanto as acomodacoes. Em alguns lugares o banho era por minuto e muito rapido. Mas descobri (nao sei se por ser fim de temporada ou nao) que por uns euros a mais (10 euros), conseguia um upgrade de quarto individual com banheiro. Fiz isso duas vezes.
Parabens ao casal pelo post e dicas !
Oi Jose! Tudo bem? Obrigada pelas mensagens e por compartilhar sua experiência na trilha. Com certeza ajuda outros viajantes também! Também consideramos a Alta Via um dos destinos de trekking mais bonitos que já fomos! De fato, logo no primeiro dia com aquela subida assustadora pensamos em desistir por causa do peso. Estávamos levando todos os nossos pertencer, mais os mantimentos. Foi preciso muita força de vontade, mas valeu muito a pena. Depois nos sentimos mais preparados e foi mais tranquilo. No final também fomos até Belluno, mas passamos rapidamente a caminho de Veneza. Tem muitos destinos para explorar nessa região, um mais lindo que o outro. Grande abraço, Charlico e LArissa
Ah. Eu peguei um onibus no fim da trilha para Belluno (que é uma cidade encantadora)
Aluguei um carro em Milão e passei 3 dias percorrendo de carro alguns parques naturais ali. Deixei o carro em Dobbiaco (presenciei uma feira de trufas) !
Recomendo muito isso. Em especial o parque Puez Odle (que vale um trekking ali, na proxima vez).
Não fiz camping selvagem por causa do peso mesmo. Acho que desistiria já na subida do primeiro dia, do Lago di Braines…
Oi pessoal ! Alguém de vocês fez a trilha na segunda quinzena de junho ? Tenho férias nesse mês, gostaria de fazer travessia com minha esposa ! Estou olhando algumas acomodações mas estou achando muito caro 90 euros por pessoas !! Vocês tem algum guia que mostra todas as acomodaçoes ? Quero ficar nesses preços de vocês aí , obrigado
Oi Marcos!Fizemos na primeira semana de julho e foi tudo bem. Essa região é cara mesmo. Dormimos no banheiro da estação de trêm na primeira noite para não pagar acomodação. Na trilha conseguimos acampar quase todas as noites, exceto num dia de forte chuva que resolvemos ficar num refúgio. Esperamos que dê tudo certo. Depois conte como foi. Abraço